Aurélio Agostinho (em latim: Aurelius Augustinus), dito de Hipona,
conhecido como Santo Agostinho (Tagaste, 13 de novembro de 354 -
Hipona, 28 de agosto de 430), foi um bispo, escritor, teólogo, filósofo e é um
Padre latino e Doutor da Igreja Católica.
Agostinho é uma das figuras mais importantes no
desenvolvimento do cristianismo no Ocidente. Em seus primeiros anos, Agostinho
foi fortemente influenciado pelo maniqueísmo e pelo neoplatonismo de Plotino,
mas depois de tornar-se cristão (387), ele desenvolveu a sua própria abordagem
sobre filosofia e teologia e uma variedade de métodos e perspectivas
diferentes.
Ele aprofundou o conceito de pecado original dos
padres anteriores e, quando o Império Romano do Ocidente começou a se
desintegrar, desenvolveu o conceito de Igreja como a cidade espiritual de
Deus (em um livro de mesmo nome), distinta da cidade material do
homem.
Seu pensamento influenciou profundamente a visão do
homem medieval.
A Igreja se identificou com o conceito de "Cidade de
Deus" de Agostinho, e também a comunidade que era devota de Deus.
Na Igreja Católica, e na Igreja Anglicana, é
considerado um santo, e um importante Doutor da Igreja, e o patrono da ordem
religiosa agostiniana. Muitos protestantes, especialmente os calvinistas mas
também os luteranos (basta recordar que Martinho Lutero era inicialmente um
sacerdote católico agostiniano), o consideram como um dos pais teólogos da
Reforma Protestante ensinando a salvação e a graça divina.
Na Igreja Ortodoxa Oriental ele é louvado, e seu dia
festivo é celebrado em 15 de junho, apesar de uma minoria ser da opinião que ele
é um herege, principalmente por causa de suas mensagens sobre o que se
tornou conhecido como a cláusula filioque.
Entre os ortodoxos é chamado de "Agostinho Abençoado",
ou "Santo Agostinho o Abençoado".
Índice
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Biografia
Agostinho nasceu na cidade de Tagaste, província de
Souk Ahras, na época uma província romana no norte da África, na atual Argélia,
filho de pai pagão, chamado Patrício e mãe católica, Mônica. Foi educado no
norte da África e resistiu aos ensinamentos de sua mãe para se tornar
cristão.
Agostinho era de ascendência berbere.
Santo Agostinho na escola e ao lado sua mãe aos pés de Santo Ambrósio.
Com onze anos de idade, foi enviado para a escola em Madaura, uma pequena cidade da Numídia. Lá ele tornou-se familiarizado com a literatura latina, bem como práticas e crenças do paganismo.
Santo Agostinho na escola e ao lado sua mãe aos pés de Santo Ambrósio.
Com onze anos de idade, foi enviado para a escola em Madaura, uma pequena cidade da Numídia. Lá ele tornou-se familiarizado com a literatura latina, bem como práticas e crenças do paganismo.
Em 369 e 370, ele permaneceu em casa.
Durante esse período ele leu o diálogo
Hortensius de Cícero (hoje perdido), que deixou uma impressão duradoura
sobre ele e despertou-lhe o interesse pela filosofia e passou a ser um seguidor
do maniqueísmo.
Com dezessete anos, graças à generosidade de um
concidadão, chamado Romaniano, o pai de Agostinho pode enviá-lo para Cartago
para continuar sua educação na retórica.
Vivendo como um pagão intelectual, ele tomou uma concubina; numa tenra idade, ele desenvolveu uma relação estável com uma jovem em Cartago, com a qual teve um filho, Adeodato.
Vivendo como um pagão intelectual, ele tomou uma concubina; numa tenra idade, ele desenvolveu uma relação estável com uma jovem em Cartago, com a qual teve um filho, Adeodato.
Durante os anos 373 e 374, Agostinho ensinou gramática
em Tagaste. No ano seguinte, mudou-se para Cartago a fim de ocupar o cargo de
professor da cadeira municipal de retórica, e permanecerá lá durante os próximos
nove anos.
Desiludido pelo comportamento indisciplinado dos alunos
em Cartago, em 383, mudou-se para estabelecer uma escola em Roma, onde ele
acreditava que os melhores e mais brilhantes retóricos ensinaram. No entanto,
Agostinho ficou desapontado com as escolas romanas, que ele encontrou apática.
Quando chegou o momento para os seus alunos para pagar os seus honorários eles
simplesmente fugiram.
Amigos maniqueístas apresentaram-lhe o prefeito da
cidade de Roma, Symmachus, que tinha sido solicitado a fornecer um professor de
retórica imperial para o tribunal provincial em Milão. Agostinho ganhou o
emprego e ocupou o cargo no final de 384.
Cristão
Enquanto ele estava em Milão, Agostinho mudou de vida.
Ainda em Cartago, começou a abandonar o maniqueísmo, em parte devido a um
decepcionante encontro com um chefe expoente da teologia maniqueísta,
Fausto.
Em Roma, ele relata ter completamente se afastado do
maniqueísmo, e abraçou o movimento cético da Academia
Neoplatónica.
Santo Agostinho e Santa Mônica, sua mãe, no Porto de Óstia.
Sua mãe insistia para que ele se tornasse cristão e também seus próprios estudos sobre o neoplatonismo também foram levando-o neste sentido, e seu amigo Simplicianus instou-o dessa forma também. Mas foi a oratória do bispo de Milão, Ambrósio, que teve mais influência sobre a conversão de Agostinho.
Santo Agostinho e Santa Mônica, sua mãe, no Porto de Óstia.
Sua mãe insistia para que ele se tornasse cristão e também seus próprios estudos sobre o neoplatonismo também foram levando-o neste sentido, e seu amigo Simplicianus instou-o dessa forma também. Mas foi a oratória do bispo de Milão, Ambrósio, que teve mais influência sobre a conversão de Agostinho.
A mãe de Agostinho havia-o seguido para Milão e
insistiu para que abandonasse a relação com a mulher com quem vivia ilegalmente
e procurasse outra para casar, conforme as leis do mundo e a doutrina
cristã.
A amada foi mandada de volta para a África e Agostinho deveria esperar dois anos para contrair casamento legal; mas logo ligou-se a uma concubina.
A amada foi mandada de volta para a África e Agostinho deveria esperar dois anos para contrair casamento legal; mas logo ligou-se a uma concubina.
No verão de 386, após ter lido um relato da vida de
António do Deserto, de Atanásio de Alexandria, que muito inspirou-lhe,
Agostinho sofreu uma profunda crise pessoal.
Decidiu se converter ao cristianismo católico, abandonar a sua carreira na retórica, encerrar sua posição no ensino em Milão, desistir de qualquer ideia de casamento, e dedicar-se inteiramente a servir a Deus e às práticas do sacerdócio.
Decidiu se converter ao cristianismo católico, abandonar a sua carreira na retórica, encerrar sua posição no ensino em Milão, desistir de qualquer ideia de casamento, e dedicar-se inteiramente a servir a Deus e às práticas do sacerdócio.
A chave para esta transformação foi à voz de uma criança invisível, que ouviu enquanto estava em seu jardim em Milão, que cantava repetidamente, "Tolle, lege"; "tolle, lege" ("toma e lê"; "toma e ler").
Ele tomou o texto da epístola de Paulo aos romanos, e abriu ao acaso em 13:13-14, onde lê-se:
"Não caminheis em glutonerias e embriaguez, nem em desonestidades e dissoluções, nem em contendas e rixas, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis a satisfação da carne com seus apetites".
Ele narra em detalhes sua jornada espiritual em sua
famosa Confissões (Confessions), que se tornou um clássico tanto da
teologia cristã quanto da literatura mundial.
Ambrósio batizou Agostinho, juntamente com seu filho, Adeodato, na vigília da Páscoa, em 387, em Milão, e logo depois, em 388 ele retornou à África.
Em seu caminho de volta à África sua mãe morreu, e logo após também seu filho, deixando-o sozinho, sem família.
Ambrósio batizou Agostinho, juntamente com seu filho, Adeodato, na vigília da Páscoa, em 387, em Milão, e logo depois, em 388 ele retornou à África.
Em seu caminho de volta à África sua mãe morreu, e logo após também seu filho, deixando-o sozinho, sem família.
Bispo
Após o regresso ao Norte da África, vendeu seu
patrimônio e deu o dinheiro aos pobres. A única coisa com que ele ficou foi a
casa da família, que se converteu em uma fundação monástica para si e um grupo
de amigos.
Em 391, ele foi ordenado sacerdote em Hipona
(atual Annaba, na Argélia). Em 396, foi eleito bispo coadjutor de
Hipona (auxiliar, com o direito de sucessão depois da morte do bispo
corrente) e pouco depois bispo principal. Ele permaneceu nessa posição em
Hipona até sua morte em 430.
Ele deixou o seu mosteiro, mas continuou a levar uma
vida monástica na residência episcopal. Ele deixou uma regra (latim,
regulamentos) para seu mosteiro que o levou ser designado o "santo padroeiro do
clero regular", isto é, sacerdotes que vivem por uma regra
monástica.
Sua vida foi registrada pela primeira vez por seu amigo
São Possídio, bispo de Calama, no seu Sancti Augustini
vita.
Descreveu-o como homem de poderoso intelecto e um enérgico orador, que em muitas oportunidades defendeu a fé católica contra todos seus inimigos.
Descreveu-o como homem de poderoso intelecto e um enérgico orador, que em muitas oportunidades defendeu a fé católica contra todos seus inimigos.
Possídio também descreveu traços pessoais de Agostinho
com detalhe, desenhando um retrato de um homem que comia com parcimónia,
trabalhou incansavelmente, desprezando fofocas, rejeitando as tentações da
carne, e que exerceu a prudência na gestão financeira conforme sua posição e
autoridade de bispo.
Sua vida não é tranquila: missa diária, prega até duas
vezes ao dia, dá catequese, administra bens temporais, resolve questões de
justiça (cerca, muro, dívidas, brigas de família…), atende aos pobres e órfãos,
etc.
Pouco antes da morte de Agostinho, a província da
África Proconsular foi invadida pelos vândalos, uma tribo guerreira que estava
aderindo ao arianismo.
Pouco depois de Hipona ser cercada pelos bárbaros Agostinho adoeceu; Possídio relata que ele gastou seus últimos dias em oração e penitência, pedindo para que os salmos penitenciais de Davi fossem pendurados em sua parede para que ele pudesse ler.
Pouco tempo após sua morte, os vândalos levantaram o cerco de Hipona, mas não muito tempo depois eles voltaram e queimaram a cidade. Eles destruíram tudo, mas a catedral de Agostinho e a biblioteca ficaram inalteradas.
Pouco depois de Hipona ser cercada pelos bárbaros Agostinho adoeceu; Possídio relata que ele gastou seus últimos dias em oração e penitência, pedindo para que os salmos penitenciais de Davi fossem pendurados em sua parede para que ele pudesse ler.
Pouco tempo após sua morte, os vândalos levantaram o cerco de Hipona, mas não muito tempo depois eles voltaram e queimaram a cidade. Eles destruíram tudo, mas a catedral de Agostinho e a biblioteca ficaram inalteradas.
Agostinho foi canonizado por reconhecimento popular e
reconhecido como um Doutor da Igreja.
Túmulo de santo Agostinho.
Em 700 DC as relíquias de Santo Agostinho foram colocadas na igreja de São Pietro in Ciel dÓro em Pavia, Itália, na foto.
Na Igreja Católica, o seu dia é 28 de agosto, o dia no qual ele supostamente morreu. Ele é considerado o santo padroeiro dos impressores, teólogos e de um grande número de cidades e dioceses.
Para os protestantes ou evangélicos, Agostinho é referencial na história eclesiástica, pois foi um valoroso líder da Igreja primitiva e deixou suas marcas como verdadeiro discípulo de Cristo.
Túmulo de santo Agostinho.
Em 700 DC as relíquias de Santo Agostinho foram colocadas na igreja de São Pietro in Ciel dÓro em Pavia, Itália, na foto.
Na Igreja Católica, o seu dia é 28 de agosto, o dia no qual ele supostamente morreu. Ele é considerado o santo padroeiro dos impressores, teólogos e de um grande número de cidades e dioceses.
Para os protestantes ou evangélicos, Agostinho é referencial na história eclesiástica, pois foi um valoroso líder da Igreja primitiva e deixou suas marcas como verdadeiro discípulo de Cristo.
Obras
Agostinho foi um autor prolífico em muitos géneros —
tratados filosóficos, teológicos, comentários de escritos da Bíblia, além de
sermões e cartas.
Dele restaram algumas centenas de cartas
(Epistulae) e de sermões (Sermones) considerados autênticos. Além
disso, deixou 113 obras escritas.
Agostinho é chamado de o Doutor da Graça, por
sua compreensão sobre o tema.
- Textos autobiográficos:
As suas Confissões (Confesiones),
escritas entre os anos 397-398, são geralmente consideradas como a primeira
autobiografia. Agostinho descreve sua vida desde sua concepção até à sua então
relação com Deus, e termina com um longo discurso sobre o livro do Génesis, no
qual ele demonstra como interpretar a Bíblia. A consciência psicológica e
auto-revelação da obra ainda impressionam leitores.
Mesmo sendo uma autobiografia, as Confissões não
deixam de ter a marca filosófica de Agostinho. No Livro X, Agostinho escreve
sobre a memória e suas atribuições. Já no Livro XI, Agostinho fala sobre a
Criação, sobre o Tempo e da noção psicológica que se tem deste.
No fim da sua vida, Agostinho revisitou os seus
trabalhos anteriores por ordem cronológica e sugeriu que teria falado de forma
diferente numa obra intitulada Retratações, que nos daria uma
imagem considerável do desenvolvimento de um escritor e os seus pensamentos
finais.
- Filosóficos:
Diálogos: Solilóquios (Soliloquiorum libri
duo), Sobre o Mestre (De Magistro, trata da educação neste diálogo),
Sobre o livre arbítrio (De Libero Arbitrio, trata sobre o mal e sobre as
escolhas)
Contra os acadêmicos (Contra academicos, em que
combate o cepticismo).
O Livro das disciplinas (Disciplinarum libri é
uma vasta enciclopédia com o fim de mostrar como se pode e se deve ascender a
Deus a partir das coisas materiais. Não está acabada).
- Apologéticos: Da verdadeira religião (De vera religione), etc.
A Cidade de Deus (iniciada c. de 413, terminada
em 426, uma de suas obras capitais, nela nos oferece uma síntese de seu
pensamento filosófico, teológico e político). O De civitate Dei libri
XXII.
- Dogmáticos:
Entre 399-422, escreveu A Trindade, uma das
principais obras que apoia a crença na Santíssima Trindade de Deus. O De
Trinitate libri XV.
Sobre a imortalidade da alma (De inmortalitate
animae)
Sobre a potencialidade da alma (De quantitate
animae)
Enquirídio (Enchiridion, ad Laurentium ou De
fide, spe et caritate liber I, é um manual de teologia segundo o esquema das
três virtudes teológicas. Contém uma explicação do Credo, da oração do Padre
Nosso e dos preceitos morais da Igreja Católica).
Da fé e do credo livro I (De fide et símbolo liber
I), etc.
- Morais e pastorais:
Contra mendacium, Da catequese dos não
instruídos livro I (De catechizandis rudibus liber I), Da continência
livro I (De continentia liber I), Da paciência livro I (De patientia
liber I), etc.
- Monásticos:
Regula ad servos — a mais antiga das regras
monásticas do Ocidente.
- Exegéticos:
A Bíblia teve um papel decisivo para Agostinho. Pode-se
destacar:
Da doutrina cristã livro IV (De doctrina christiana
libri IV (é uma síntese dogmática que servirá de modelo para as
Sententiae os pensadores da Idade Média), De Genesi ad litteram libri
XII, Da harmonia dos evangelhistas livro IV (De consensu Evangelistarum
libri IV (foram escritos em resposta aos que acusavam os evangelistas de
contradizer-se e de haver atribuído falsamente a Cristo a divinidade),
etc.
Santo Agostinho e a visão do anjo sobre o mistério da Trindade.
Santo Agostinho e a visão do anjo sobre o mistério da Trindade.
- Tratados:
Tratados sobre o evangelho de João (In Iohannis
evangelium tractatus), As enarrações, ou exposições, dos Salmos
(Enarrationes in Psalmos), etc.
- Polémicos:
Muitas de suas obras tem caráter polêmico por causa dos
conflitos que ele enfrentou. Isso levou São Posídio a classificá-las conforme os
adversários combatidos: pagãos, astrológos, judeus, maniqueus, priscilianistas,
donatistas, pelagianos, arianos e apolinaristas.
De natura boni liber I, Psalmus contra partem
Donati, De peccatorum meritis et remissione et de baptismo parvolorum ad
Marcellium libri III (de 412, primeira teología bíblica da redencão, do
pecado original e da necessidade do batismo), De gratia et libero arbitrio
liber I (de 426, em que demonstra a necessidade da graça, da existência do
livre arbitrío), De haeresibus, etc.
Pensamento
- O problema do mal
Em seu livro Sobre o livre arbítrio (em latim:
De libero arbitrio) Agostinho responde de ao problema filosofico do mal
de forma filosófica, demonstrando também filosoficamente que Deus não é o
criador do mal. Pois, para ele, tornava-se inconcebível o fato de que um ser
benevolente, pudesse ter criado o mal.
A concepção que Agostinho tem do mal, tem como base
teoria platônica e a desenvolve. Assim o mal não é um ser, mas sim a ausência de
um outro ser, o bem. O mal é aquilo que "sobraria" quando não existe mais a
presença do bem.
Deus seria a completa personificação deste bem, portanto o mal não seria oriundo da criação divina, mas seu antagonista por excelência, na condição de fruto do seu afastamento. No diálogo com seu amigo Evódio, Agostinho explica-lhe que a origem do mal está no livre-arbítrio concedido por Deus. Deus em sua perfeição, quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma voluntária, um ser consciente.
O homem, então, é o único ser que possuiria as faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente de Deus em uma criação perfeita) e algo mau (a prevalência da vontades humanas inperfeitas e que afetam negativamente a criação da perfeição idealizada por Deus).
Deus seria a completa personificação deste bem, portanto o mal não seria oriundo da criação divina, mas seu antagonista por excelência, na condição de fruto do seu afastamento. No diálogo com seu amigo Evódio, Agostinho explica-lhe que a origem do mal está no livre-arbítrio concedido por Deus. Deus em sua perfeição, quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma voluntária, um ser consciente.
O homem, então, é o único ser que possuiria as faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente de Deus em uma criação perfeita) e algo mau (a prevalência da vontades humanas inperfeitas e que afetam negativamente a criação da perfeição idealizada por Deus).
Entretanto, por ter em si mesmo a carga do pecado
original de Adão e Eva, estaria constantemente tendenciado a escolher praticar
uma ação que satisfizesse suas paixões (a ausência de Deus em sua
vida).
Deus, portanto, não é o autor do mal, mas é autor do livre-arbítrio, que concede aos homens a liberdade de exercer o mal, ou melhor, de não praticar o bem. Esse argumento também implica que o ser humano tem direito de escolha sobre sua própria vida, não é apenas um ser programado.
E se, segundo Agostinho, o bem é apreciado por Deus e a prática perfeita, todas as ações por ele inspiradas se tornam virtuosas e louváveis. Sendo que em um universo de seres não conscientes e que não têm livre-arbítrio, as práticas do bem e do mal seriam programadas e não poderiam ser classificadas como boas ou ruins.
Deus, portanto, não é o autor do mal, mas é autor do livre-arbítrio, que concede aos homens a liberdade de exercer o mal, ou melhor, de não praticar o bem. Esse argumento também implica que o ser humano tem direito de escolha sobre sua própria vida, não é apenas um ser programado.
E se, segundo Agostinho, o bem é apreciado por Deus e a prática perfeita, todas as ações por ele inspiradas se tornam virtuosas e louváveis. Sendo que em um universo de seres não conscientes e que não têm livre-arbítrio, as práticas do bem e do mal seriam programadas e não poderiam ser classificadas como boas ou ruins.
No Livro XI das Confissões (em latim:
Confessiones) Agostinho põe-se a cargo de versar acerca da criação do
mundo por meio do Verbo, que podemos entender como "palavra
criadora".
Com efeito, o filósofo compreende que o mundo só poderia ter duas origens 1) do nada (em latim: ex-nihilo) e 2) a partir de parte da sua substância. No entanto, a última suposição é falsa pois teria de se admitir um Deus imutável, algo não condizente com o pensamento do Doutor Africano.
Com efeito, o filósofo compreende que o mundo só poderia ter duas origens 1) do nada (em latim: ex-nihilo) e 2) a partir de parte da sua substância. No entanto, a última suposição é falsa pois teria de se admitir um Deus imutável, algo não condizente com o pensamento do Doutor Africano.
A fim de responder a asserção: "Do que faria Deus
antes de criar o mundo?" o filósofo tece sua crítica aos maniqueus e expõe
seu pensamento a respeito do tempo e da criação.
A evidente resposta de Agostinho à tal pergunta é a de que Deus não estaria a fazer nada, pois não havia tempo antes deste ter sido criado por Deus, ficando expresso que o tempo nada mais é do que uma criatura assim como o mundo e todas as coisas. Para o pensador, o tempo e o universo foram criado em conjunto, e Deus estaria fora deste contexto pois ele é eterno e a eternidade não entra no tempo.
A evidente resposta de Agostinho à tal pergunta é a de que Deus não estaria a fazer nada, pois não havia tempo antes deste ter sido criado por Deus, ficando expresso que o tempo nada mais é do que uma criatura assim como o mundo e todas as coisas. Para o pensador, o tempo e o universo foram criado em conjunto, e Deus estaria fora deste contexto pois ele é eterno e a eternidade não entra no tempo.
Para o filósofo medieval, o tempo não tem existência
per se e só pode ser apreendido por nossa alma por meio de uma atividade
chamada de "distensão da alma" (em latim: distentio animi). A distensão
da alma, grosso modo, nada mais é do que a compreensão dos três tempos;
pretérito, presente e futuro na alma, de modo que seja possível lembrar do
passado, viver o presente e prever o futuro. Agostinho afirma que a alma é quem
pode medir o tempo e essa "medição" atesta a existência do tempo apenas em
caráter psicológico.
Influência como pensador e teólogo
Na história do pensamento ocidental, sendo muito
influenciado pelo platonismo e neoplatonismo, particularmente por Plotino,
Agostinho foi importante para o "baptismo" do pensamento grego e a sua entrada
na tradição cristã e, posteriormente, na tradição intelectual europeia. Também
importantes foram os seus adiantados e influentes escritos sobre a vontade
humana, um tópico central na ética, que se tornaram um foco para filósofos
posteriores, como Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche, mas ainda
encontrando eco na obra de Albert Camus e Hannah Arendt (ambos os filósofos
escreveram teses sobre Agostinho).
É largamente devido à influência de Agostinho que o
cristianismo ocidental concorda com a doutrina do pecado original. Os teólogos
católicos geralmente concordam com a crença de Agostinho de que Deus existe fora
do tempo e no "presente eterno"; o tempo só existe dentro do universo
criado.
O pensamento de Agostinho foi também basilar na
orientação da visão do homem medieval sobre a relação entre a fé cristã e o
estudo da natureza. Ele reconhecia a importância do conhecimento, mas entendia
que a fé em Cristo vinha restaurar a condição decaída da razão humana, sendo
portanto mais importante.
Agostinho afirmava que a interpretação da Bíblia deveria ser feita de acordo com os conhecimentos disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural. Escritos como sua interpretação do livro bíblico do Gênesis, como o que chamaríamos hoje de um "texto alegórico", iriam influenciar fortemente a Igreja medieval, que teria uma visão mais interpretativa e menos literal dos textos sagrados.
Agostinho afirmava que a interpretação da Bíblia deveria ser feita de acordo com os conhecimentos disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural. Escritos como sua interpretação do livro bíblico do Gênesis, como o que chamaríamos hoje de um "texto alegórico", iriam influenciar fortemente a Igreja medieval, que teria uma visão mais interpretativa e menos literal dos textos sagrados.
Tomás de Aquino tomou muito de Agostinho para criar sua
própria síntese do pensamento filosófico grego e do cristão. Dois teólogos
posteriores que admitiram influência especial de Agostinho foram João Calvino e
Cornelius Otto Jansenius.
A conversão de Santo Agostinho é considerada um dos
eventos mais importantes da historia da igreja.
MAIS UM POUCO DA VIDA DE AGOSTINHO:
Santo Agostinho nasceu em Tagaste,norte da África, filho de Patricius, um oficial romano pagão. Sua mãe, Santa Mônica era cristã e criou Santo Agostinho na fé.
Em 370 ele foi para Cartago, Turquia para estudar direito e em vez disto passou a estudar literatura. Ele juntou com uma amante que deu a ele um filho Adeodatus.
Em 373 Santo Agostinho e seus amigos tornaram-se membros de uma seita herege. Ao mesmo tempo, sua brilhante e notável inteligência estava se manifestando e ele ganhou vários torneios de poesia e se tornou conhecido no mundo filosófico.
Demorou nove anos para Santo Agostinho se libertar de sua vida herege.
Em 383 ele foi para a Itália em segredo por causa da oposição de sua mãe.
Santo Agostinho planejava ensinar em Roma mas, em vez disto foi para Milão onde conheceu Santo Ambrósio.
Santo Agostinho e Alípio ouvindo a pregação de Santo Ambrósio.
Sob a influencia de Ambrósio, Agostinho descobriu a vida de celibatário, o estudo e a oração.
Santa Mônica mais tarde encontrou-se com eles em Milão, onde São Alípio, velho amigo de Agostinho também passou a morar.
Com ele, sua mãe e amigos se retiraram para uma vila, para estudarem as escrituras e os antigos filósofos. No domingo de Páscoa de 387 Santo Agostinho foi batizado. Planejando o retorno para Tagaste eles foram para Ostia, Itália a bordo de um navio.
Mônica morreu em Ostia e Santo Agostinho ficou na Itália escrevendo e orando.
Morte de Santa Mônica
Em 388 ele vendeu tudo que tinha e passou a distribuir para os pobres e começou uma vida de penitencia.
Ele foi ordenado em 391e fundou dois monastérios e em outubro de 393 Santo Agostinho tomou parte no Concílio da África pregando para uma assembléia de bispos. Valerius, o bispo de Hippo indicou Agostinho como seu coadjutor e ele ocupou este cargo por 34 anos.
Ele fez de sua residência episcopal um monastério enviando outros padres para fundar outras instituições e treinar bispos para as dioceses. Seu maior apostolado foi ensinar e escrever. Ele atendeu aos Concílios de 398, 401, 416, 418 e 419.
Em 426 Santo Agostinho já com 72 anos nomeou Heraclius seu auxiliar e sucessor . Ele tentou encontrar paz mas teve que enfrentar a heresia dos Arianos e invasão dos Vândalos na região.
Bispos e políticos procuraram refugio em Hippo que foi sitiada por 18 meses.
Durante o cerco, Santo Agostinho teve um derrame e em 30 de agosto de 430 ele veio a falecer.
Funeral de Santo Agostinho
Os trabalhos de Santo Agostinho proveram a Cristandade com lúcidos e atrativos argumento para a fé.
Em sua biografia fica imbuído a sua atração pelo Criador. Seus escritos sobre as escrituras são um tratado sobre a fé e lúcidos argumentos sobre a Confissão. No seu trabalho "Cidade de Deus" escrito em 426 Santo Agostinho traça o caminho para uma crescente fé, e uma reconciliaçao entre a fé e a razão e coloca Deus no Centro de tudo.
Diz a tradição que, certa vez, Santo Agostinho estava caminhando a beira mar, a pensar sobre o Mistério da Santíssima Trindade, quando encontrou com um menino a colocar, com uma pequena caneca, água do mar em um buraco que a criança havia feito.
MAIS UM POUCO DA VIDA DE AGOSTINHO:
Santo Agostinho nasceu em Tagaste,norte da África, filho de Patricius, um oficial romano pagão. Sua mãe, Santa Mônica era cristã e criou Santo Agostinho na fé.
Em 370 ele foi para Cartago, Turquia para estudar direito e em vez disto passou a estudar literatura. Ele juntou com uma amante que deu a ele um filho Adeodatus.
Em 373 Santo Agostinho e seus amigos tornaram-se membros de uma seita herege. Ao mesmo tempo, sua brilhante e notável inteligência estava se manifestando e ele ganhou vários torneios de poesia e se tornou conhecido no mundo filosófico.
Demorou nove anos para Santo Agostinho se libertar de sua vida herege.
Em 383 ele foi para a Itália em segredo por causa da oposição de sua mãe.
Santo Agostinho planejava ensinar em Roma mas, em vez disto foi para Milão onde conheceu Santo Ambrósio.
Santo Agostinho e Alípio ouvindo a pregação de Santo Ambrósio.
Sob a influencia de Ambrósio, Agostinho descobriu a vida de celibatário, o estudo e a oração.
Santa Mônica mais tarde encontrou-se com eles em Milão, onde São Alípio, velho amigo de Agostinho também passou a morar.
Com ele, sua mãe e amigos se retiraram para uma vila, para estudarem as escrituras e os antigos filósofos. No domingo de Páscoa de 387 Santo Agostinho foi batizado. Planejando o retorno para Tagaste eles foram para Ostia, Itália a bordo de um navio.
Mônica morreu em Ostia e Santo Agostinho ficou na Itália escrevendo e orando.
Morte de Santa Mônica
Em 388 ele vendeu tudo que tinha e passou a distribuir para os pobres e começou uma vida de penitencia.
Ele foi ordenado em 391e fundou dois monastérios e em outubro de 393 Santo Agostinho tomou parte no Concílio da África pregando para uma assembléia de bispos. Valerius, o bispo de Hippo indicou Agostinho como seu coadjutor e ele ocupou este cargo por 34 anos.
Ele fez de sua residência episcopal um monastério enviando outros padres para fundar outras instituições e treinar bispos para as dioceses. Seu maior apostolado foi ensinar e escrever. Ele atendeu aos Concílios de 398, 401, 416, 418 e 419.
Em 426 Santo Agostinho já com 72 anos nomeou Heraclius seu auxiliar e sucessor . Ele tentou encontrar paz mas teve que enfrentar a heresia dos Arianos e invasão dos Vândalos na região.
Bispos e políticos procuraram refugio em Hippo que foi sitiada por 18 meses.
Durante o cerco, Santo Agostinho teve um derrame e em 30 de agosto de 430 ele veio a falecer.
Funeral de Santo Agostinho
Os trabalhos de Santo Agostinho proveram a Cristandade com lúcidos e atrativos argumento para a fé.
Em sua biografia fica imbuído a sua atração pelo Criador. Seus escritos sobre as escrituras são um tratado sobre a fé e lúcidos argumentos sobre a Confissão. No seu trabalho "Cidade de Deus" escrito em 426 Santo Agostinho traça o caminho para uma crescente fé, e uma reconciliaçao entre a fé e a razão e coloca Deus no Centro de tudo.
Diz a tradição que, certa vez, Santo Agostinho estava caminhando a beira mar, a pensar sobre o Mistério da Santíssima Trindade, quando encontrou com um menino a colocar, com uma pequena caneca, água do mar em um buraco que a criança havia feito.
Santo Agostinho
perguntou :"Que está fazendo?
A criança
respondeu: "Estou colocando o mar neste buraco".
"Impossível!"
disse o santo.
E a criança, que
na verdade era um anjo, respondeu:
"Mais facil será
eu colocar o mar neste buraco, que você entender o mistério que está tentando
compreender."
Milagres de Santo
Agostinho
Mais
de 40 pessoas estavam seriamente doentes de Roma, Alemanha e da Gália foram
visitar os túmulos dos Apóstolos. Alguns
arrastando-se em muletas, outros completamente paralisados, outros eram cegos e
caminhavam com ajuda de seus camaradas que serviam de
condução.
Passado
as montanhas chegaram a um vilarejo chamado Cava, a três milhas de Pavia, e
aí apareceu-lhes S. Agostinho
vestido de paramentos pontificais, saindo de uma igreja construída em honra
dos santos Cosme e Damião. O
santo cumprimentou-os e perguntou-lhes para onde estavam indo, e eles
responderam que iam a Roma, então disse-lhes:
Vão
para a Itália e perguntem onde está a igreja de São Pedro, e lá vocês vão
obter a graça que vocês pedem.Eles lhe
perguntaram seu nome e ele disse: - "Eu sou Santo Agostinho, bispo de
Hipona."
E imediatamente
desapareceu.
Eles chegaram em
Pavia, entraram na igreja de São Pedro e, quando
souberam que o corpo de Santo Agostinho estava ali,
gritaram: - "Santo Agostinho, ajude-nos!"
Cidadãos
e religiosos, atraídos pela novidade, formaram um fluxo na porta da igreja para
o túmulo do santo, e testemunharam que os doentes vindos ao túmulo foram
totalmente curados ou,
em outros, permaneceram neles traços menores da enfermidade, de modo que a fama
do santo se espalhou mais e mais, e uma multidão de pessoas doentes começou a
afluir à igreja, e quem veio foi curada e deixou presentes e ex-votos em
gratidão. A
quantidade desses votos fez que toda a capela de Santo Agostinho
ficasse cheia e depois foram colocadas no vestíbulo, mas logo foram tantos que
se tornou difícil mantê-los na capela, e os homens foram forçados a levá-los
para outro lugar.
Santo Agostinho liberta um
prisioneiro
Cenas da vida de Santo Agostinho
Santo Agostinho e o diabo
Enquanto
que Santo Agostinho
ainda estava vivo, ele viu o diabo com um grande livro e perguntou-lhe o
que estava escrito. O
diabo respondeu que foram escritos os pecados de todos os homens, e Santo
Agostinho
pediu-lhe para ver o que foi escrito contra ele.
E
depois de tentar muito ver o livro, finalmente, descobriu que estava escrito que
uma vez que ele não havia recitado as Completas (a oração da
noite).
Mais tarde, o
diabo, fechou o livro, e se foi. Santo Agostinho,
então, foi para a igreja onde recitou devotadamente as Completas. Mais
tarde, o diabo veio novamente e o santo pediu para rever o
livro.
Abriram
o livro e depois de muito procurar, descobriu que o pecado atribuído a Santo
Agostinho havia sido
cancelado.
O
diabo, então, inquieto, disse:
-
tu me enganaste bem e estou arrependido de tê-lo mostrado o livro em que estava
escrito uma pena contra você, pois a apagaste com tuas orações.E ele foi embora
confuso.
Cenas da vida de Santo Agostinho
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