O Céu e a Terra livro revela o diálogo entre um futuro papa e um rabino

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Roma, (Zenit.org) | 405 visitas

O diálogo como encontro de duas culturas milenares que não procuram o conflito, mas a proximidade em prol de um entendimento mútuo: cristãos e judeus comungam não para assimilar uns aos outros e se tornar iguais, mas para encontrar uma base comum na história da humanidade.
No livro O Céu e a Terra (2013), o diálogo entre Jorge Mario Bergoglio, futuro papa Francisco, e Abram Skorka, rabino da comunidade de Benei Tiuka e professor de direito judaico na Universidade de Salamanca, Espanha, é um exemplo de comunicação respeitosa entre duas identidades religiosas diferentes: a cristã e a judaica. Ambos sentem a necessidade de escrever sobre a sua amizade para divulgar seu pensamento religioso pessoal.
Os temas abordados no livro vão do conceito de Deus à educação, da mulher ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, da ciência à globalização, passando pela pobreza e pelo futuro das religiões.
Como o papa de origens italianas nascido no continente americano e o professor judeu explicam a sua experiência religiosa? As páginas do livro mostram dois homens unidos pela busca de Deus e revelam o quanto as suas interpretações são interligadas.
Se para Francisco é "o instinto do coração" que guia o homem num caminho de alegrias, tristezas e vicissitudes a ser entendidas como um ato de introspecção da alma, para o rabino a experiência espiritual é descrita em perspectiva "dinâmica". Eles repropõem, mais adiante, os termos das matérias químicas, de que ambos foram estudiosos, fazendo uma transposição dos termos científicos em perspectiva religiosa.
Nosso papa usa o termo "síndrome de Babel" para explicar a exaltação arrivista do homem moderno, expressão de uma "ética construtivista": o homem se coloca no centro do universo e perturba o seu equilíbrio natural, erigindo-se criador e, num delírio de onipotência, exaltando a si mesmo.
O rabino Abram Skorka afirma que o progresso, de que o ser humano é sem dúvida o artífice, quer se restituir ao homem, com o objetivo final do bem-estar global, enquanto o sistema econômico o domina em todo o cenário internacional.
Como Jorge Mario Bergoglio descreve a mulher? Ele diz, no livro, que a sua função é identificar-se com Maria, "a mãe da comunidade", e que na maternidade ela expressa plenamente o seu ser. Sua exortação é contra a caricaturização do ser mulher pelos extremismos, como os que aconteceram com os movimentos feministas dos anos vinte. Esses extremismos assumem aparências de machismo: com as suas ações e comportamentos, os dois aviltam a dignidade e a alma do ser homem e do ser mulher.
Estamos imersos numa sociedade global em que há muitas dificuldades políticas, sociais, econômicas, que, transversal e diretamente, afetam todas as populações, tanto hoje quanto no passado. Dando alguns passos para trás no tempo, em 1991, o papa João Paulo II aborda esta questão no centenário da Rerum Novarum: para lidar com as mudanças de um mundo que sai da Guerra Fria, acentua-se a delicada questão do comunismo e do "capitalismo selvagem": ambos são responsáveis ​​pelas desigualdades sociais que minam os direitos fundamentais da dignidade de todo ser humano.
Em O Céu e a Terra, Bergoglio concentra o seu pensamento sobre capitalismo e comunismo: ele compara os dois sistemas ao ópio.
A tarefa do homem de progredir em todas as áreas, científica, moral, do trabalho, é bloqueada por ambas as ideologias; se, porém, no capitalismo se vislumbra uma aceitação da religiosidade, ainda que mascarada de mundanidade, no comunismo não há espaço algum para o que é transcendente.



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