Jovem, com boa saúde e reformador. Até agora,
essas pareciam ser as premissas inevitáveis para começar a buscar o novo
papa. Mas, no fim, a primeira condição parece ter perdido importância e
ganhou pontos a tríade de reformador, mais velho e com poucos defeitos.
Busca-se um novo Roncalli, papel que pode ser encarnado pelo novo papa,
Francisco, o argentino Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos
Aires, que se assemelha em muitas coisas ao Papa Bom, menos na
aparência.
Mais alto e menos gordo do que João XXIII, o papa platense não saiu nas loterias em torno dos papáveis. Mas, devido ao bloqueio entre o "partido romano" dos curiais e o "partido reformista" dos estrangeiros, especialmente norte-americanos e alemães, a opção pelo argentino parece ter se revelado providencial.
Bergoglio já havia conquistado muitos votos no conclave anterior e se converteu no favorito do setor moderado-progressista e, portanto, no principal rival de Ratzinger. Tanto que, segundo algumas indiscrições, o purpurado jesuíta havia se levantado no conclave para pedir que os cardeais, entre lágrimas, não seguissem votando nele.
À época, o argentino tinha 70 anos. Passados quase oito anos, Bergoglio completou 77 anos e se encaixa perfeitamente no clichê de papa mais velho e de transição. Ele também não conhece graves doenças e pode assumir perfeitamente o papel de papa reformador pelo qual suspira a grande maioria do conclave... e do povo de Deus.
Ninguém duvida de que o purpurado argentino tem caráter. Como diz o irmão Ricardo Corleto, agostiniano recoleto de passagem por Roma, "é um homem tão honrado e tão íntegro que nem sequer o governo Kirchner pôde encontrar mancha alguma em sua vida, apesar de tê-la procurado com grande diligência".
A prioridade: mudar a Cúria
Jesuíta reto, dialogante, simples e sumamente austero, ele viaja de metrô ou de ônibus por Buenos Aires e não gosta de que lhe chamem de eminência. Quando lhe perguntam sobre como devem se dirigir a ele, ele sempre responde dizendo: padre Bergoglio.
Capaz, inteligente, profundamente espiritual e homem de uma sólida personalidade, ele não recuaria no momento de pôr a Cúria Romana na linha ou de reformá-la profundamente. Uma das tarefas que todos os cardeais parecem considerar como prioridade no trabalho do novo papa. A Igreja joga nisso a sua credibilidade social tão danificada ultimamente por todos os escândalos do Vatileaks.
Uma reforma de fundo, que busque uma maior colegialidade e resgate do ostracismo a sinodalidade já apontada no Vaticano II. Como diz o cardeal Kasper, outro emérito de prestígio, "a Igreja precisa de transparência e de colegialidade. É preciso sair do cerco do centralismo romano". E acrescenta: "Mudar a Curia é uma prioridade".
Com Bergoglio no sólio pontifício, a Igreja não só poderia ganhar um novo Roncalli, mas também daria um salto epocal para o outro lado do Atlântico. Isto é, nas mãos de um papável confiável, com experiência, decidido, daqueles que não tremem o pulso, "limpo" e com audácia para terminar a limpeza que Bento XVI não pôde ou não o deixaram fazer: o IOR, o Banco do Vaticano e a Cúria. Um novo Roncalli do Cone Sul com raízes turinenses. Um jesuíta para reformar a Igreja.
Mais alto e menos gordo do que João XXIII, o papa platense não saiu nas loterias em torno dos papáveis. Mas, devido ao bloqueio entre o "partido romano" dos curiais e o "partido reformista" dos estrangeiros, especialmente norte-americanos e alemães, a opção pelo argentino parece ter se revelado providencial.
Bergoglio já havia conquistado muitos votos no conclave anterior e se converteu no favorito do setor moderado-progressista e, portanto, no principal rival de Ratzinger. Tanto que, segundo algumas indiscrições, o purpurado jesuíta havia se levantado no conclave para pedir que os cardeais, entre lágrimas, não seguissem votando nele.
À época, o argentino tinha 70 anos. Passados quase oito anos, Bergoglio completou 77 anos e se encaixa perfeitamente no clichê de papa mais velho e de transição. Ele também não conhece graves doenças e pode assumir perfeitamente o papel de papa reformador pelo qual suspira a grande maioria do conclave... e do povo de Deus.
Ninguém duvida de que o purpurado argentino tem caráter. Como diz o irmão Ricardo Corleto, agostiniano recoleto de passagem por Roma, "é um homem tão honrado e tão íntegro que nem sequer o governo Kirchner pôde encontrar mancha alguma em sua vida, apesar de tê-la procurado com grande diligência".
A prioridade: mudar a Cúria
Jesuíta reto, dialogante, simples e sumamente austero, ele viaja de metrô ou de ônibus por Buenos Aires e não gosta de que lhe chamem de eminência. Quando lhe perguntam sobre como devem se dirigir a ele, ele sempre responde dizendo: padre Bergoglio.
Capaz, inteligente, profundamente espiritual e homem de uma sólida personalidade, ele não recuaria no momento de pôr a Cúria Romana na linha ou de reformá-la profundamente. Uma das tarefas que todos os cardeais parecem considerar como prioridade no trabalho do novo papa. A Igreja joga nisso a sua credibilidade social tão danificada ultimamente por todos os escândalos do Vatileaks.
Uma reforma de fundo, que busque uma maior colegialidade e resgate do ostracismo a sinodalidade já apontada no Vaticano II. Como diz o cardeal Kasper, outro emérito de prestígio, "a Igreja precisa de transparência e de colegialidade. É preciso sair do cerco do centralismo romano". E acrescenta: "Mudar a Curia é uma prioridade".
Com Bergoglio no sólio pontifício, a Igreja não só poderia ganhar um novo Roncalli, mas também daria um salto epocal para o outro lado do Atlântico. Isto é, nas mãos de um papável confiável, com experiência, decidido, daqueles que não tremem o pulso, "limpo" e com audácia para terminar a limpeza que Bento XVI não pôde ou não o deixaram fazer: o IOR, o Banco do Vaticano e a Cúria. Um novo Roncalli do Cone Sul com raízes turinenses. Um jesuíta para reformar a Igreja.
A reportagem é de José Manuel Vidal, Religión Digital, 13-03-2013.
http://www.domtotal.com/noticias/detalhes.php?notId=582858
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