Ser católico por inteiro
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Gostaria de discutir o problema
da adesão à fé católica, não na perspectiva prática, porque nesta seara,
infelizmente, por causa do pecado, os católicos vivemos os ditames do evangelho
mais ou menos.
Quero tratar do tema no viés doutrinal.
Neste diapasão, ou se é 100% católico ou não
se é católico em hipótese nenhuma.
Não posso ser católico e, ao
mesmo tempo, advogar a tese de que Jesus não fundou nenhuma Igreja específica;
apenas instaurou uma novel religião.
Não posso ser católico e
perfilhar a teoria de que nossa Senhora teve relações sexuais com seu casto
esposo.
Não posso ser católico e,
concomitantemente, asseverar que não há demônios nem Satanás.
Não posso ser católico e,
outrossim, prestar atenção ao espiritismo.
Não posso ser católico e fazer
ouvidos moucos ao que o papa ensina.
Não posso ser católico e me
colocar em prol do aborto, ou, então, ficar em cima do muro. Eis somente alguns
exemplos.
Qual é a questão de fundo? Em minha opinião, é o
relativismo, já bastas vezes exprobrado por Bento XVI, combinado com uma
equivocada interpretação do ecumenismo.
Exemplificando, a pretexto de não vulnerar a
suscetibilidade dos nossos irmãos separados, a doutrina protestante não é mais
herética: cuida-se apenas de visões diferentes, verberam alguns. Deixemos o
mínimo que nos separa, postulam outros, e nos unamos no máximo que nos é comum!
Que máximo é esse, se frei Lutero solapou todos os sacramentos, preservando
unicamente o batismo?
Quando o mal da não adesão
plena e obsequiosa é perpetrado por certos padres, estamos em face de uma
vicissitude gravíssima. Aqui, em vários casos, vigem a arrogância e a soberba,
uma espécie de desdobramento do pecado original: quer-se saber mais do que a
Igreja de Cristo!
Temos de ser ecumênicos sim,
sempre amorosos com nossos irmãos separados e com os membros de qualquer
religião, cônscios de que não somos melhores do que eles e que Deus ama todos os
homens. No
entanto, devemos resgatar nossa belíssima identidade católica,
assumindo-a plenamente, sem respeitos humanos, acatando cabalmente o magistério.
Esta obrigação é ainda mais urgente por parte dos padres, que têm o múnus de
industriar a puríssima doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo, custodiada pela
Igreja católica.
Edson Luiz
Sampel
Doutor em
direito canônico
Professor
do Instituto Pio XI (Unisal) e da Escola Dominicana de Teologia
(EDT)
Membro da
Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC)
*Artigo para o jornal O São
Paulo
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