Padre Paulo Ricardo explica a passagem da Sagrada Escritura (Mt 13,55) que fala sobre os "irmãos" de Jesus, que é muito utilizada pelos protestantes para negar o fato de que Maria Santíssima é Virgem e Mãe.
Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? (Mt 13,55)
http://www.youtube.com/watch?v=MWGW02v4r_4&feature=player_embedded
SINOPSE DA ALETEIA
Nos Evangelhos, escritos em grego, a expressão “irmãos de Jesus” aparece frequentemente. Ainda que, em grego, esta palavra se refira aos filhos dos próprios pais, isso não significa que Maria teve outros filhos. De fato, no uso bíblico, a expressão abrange uma realidade muito mais ampla.
No Novo Testamento, escrito em grego, existem 12 passagens nas quais são mencionados os “irmãos de Jesus”. Estas expressões não são interpretadas de maneira unânime devido à imprecisão com que se usa nos Evangelhos a palavra grega “irmão” (αδελφος, adelphos).
Dos primeiros séculos até a nossa época, prevaleceram três interpretações. Atualmente, para muitos protestantes, trata-se de irmãos de sangue de Jesus. A Igreja Ortodoxa considera que são meios-irmãos de Jesus, de um primeiro casamento de José. Para os católicos, são primos de Jesus.
A divergência de interpretações vem do fato de que, no grego antigo, “irmão” e “primo” são duas palavras diferentes, mas os evangelistas usam somente a palavra “irmão”. Na cultura semítica (hebraico, aramaico), da qual procedem os Evangelhos, só existe a palavra “irmão” para designar o conjunto dos parentes que vão do irmão de sangue ao primo distante.
Ao escrever os Evangelhos em grego, os autores não levaram em consideração o sentido estrito da palavra “irmão” nessa língua, mas importaram esse uso semítico, seguindo assim a Septuaginta (ou Versão dos Setenta – tradução em grego antigo da Bíblia em hebraico, pelos judeus helenizantes entre os séculos III e I a.C.).
Quando se busca diretamente na Bíblia em hebraico (Antigo Testamento) o sentido da palavra “irmão”, percebe-se que ela abrange, segundo os contextos, 17 significados diferentes. Por exemplo: “irmão” como Caim e Abel; “meio-irmão”, como os 12 filhos que Jacó teve, de quatro mulheres diferentes; “parente”, como Lot, sobrinho de Abraão; “membro de uma mesma tribo”, das 12 tribos de Israel; “amigo” ou aliado; “irmão na fé”.
Dos primeiros séculos até a nossa época, prevaleceram três interpretações. Atualmente, para muitos protestantes, trata-se de irmãos de sangue de Jesus. A Igreja Ortodoxa considera que são meios-irmãos de Jesus, de um primeiro casamento de José. Para os católicos, são primos de Jesus.
A divergência de interpretações vem do fato de que, no grego antigo, “irmão” e “primo” são duas palavras diferentes, mas os evangelistas usam somente a palavra “irmão”. Na cultura semítica (hebraico, aramaico), da qual procedem os Evangelhos, só existe a palavra “irmão” para designar o conjunto dos parentes que vão do irmão de sangue ao primo distante.
Ao escrever os Evangelhos em grego, os autores não levaram em consideração o sentido estrito da palavra “irmão” nessa língua, mas importaram esse uso semítico, seguindo assim a Septuaginta (ou Versão dos Setenta – tradução em grego antigo da Bíblia em hebraico, pelos judeus helenizantes entre os séculos III e I a.C.).
Quando se busca diretamente na Bíblia em hebraico (Antigo Testamento) o sentido da palavra “irmão”, percebe-se que ela abrange, segundo os contextos, 17 significados diferentes. Por exemplo: “irmão” como Caim e Abel; “meio-irmão”, como os 12 filhos que Jacó teve, de quatro mulheres diferentes; “parente”, como Lot, sobrinho de Abraão; “membro de uma mesma tribo”, das 12 tribos de Israel; “amigo” ou aliado; “irmão na fé”.
Outras expressões e passagens dos Evangelhos apresentam a mesma dúvida com relação aos irmãos de Jesus. Porém, situados em seu contexto cultural, já não se opõem a que Jesus seja o filho único de Maria.
As palavras de Maria ao anjo – “Como será isso, pois não conheço homem?” – se referem a um voto de virgindade a priori, impossível na cultura judaica do Antigo Testamento. De fato, respondendo ao mandato de Deus “Sede fecundos e multiplicai-vos”, o casamento para procriar é, em Israel, o caminho de santificação por excelência. No entanto, há exceções bíblicas a esta regra e, na época de Maria, segundo os manuscritos encontrados em Qumran, este voto de virgindade às vezes era praticado em alguns núcleos judaicos.
O texto de São Mateus “Sem que antes tivessem mantido relações conjugais, ela deu à luz o filho” não significa que, depois do nascimento de Jesus, José consumou o matrimônio com Maria ou que teve outros filhos. Na Versão dos Setenta, bem como no Novo Testamento, a palavra grega utilizada, heôs, “até”, não indica necessariamente uma antes e um depois. Por exemplo, quando se diz que “Mical, filha de Saul, não teve mais filhos até o dia da sua morte”, isso não significa que ela os teve depois da sua morte.
Em São Lucas, a expressão “deu à luz o seu primogênito” não significa que houve outros filhos. Na Septuaginta, a palavra grega utilizada por Lucas corresponde a uma palavra hebraica que significa “aquele que abre o útero”. Esta noção de quem nasceu primeiro na Bíblia se refere não à ideia de outros filhos, mas, na verdade, a uma consagração especial do filho de Deus. Assim, Jesus será apresentado no Templo com o sacrifício prescrito por Moisés para o resgate dos primogênitos no mês no nascimento.
O texto de São Mateus “Sem que antes tivessem mantido relações conjugais, ela deu à luz o filho” não significa que, depois do nascimento de Jesus, José consumou o matrimônio com Maria ou que teve outros filhos. Na Versão dos Setenta, bem como no Novo Testamento, a palavra grega utilizada, heôs, “até”, não indica necessariamente uma antes e um depois. Por exemplo, quando se diz que “Mical, filha de Saul, não teve mais filhos até o dia da sua morte”, isso não significa que ela os teve depois da sua morte.
Em São Lucas, a expressão “deu à luz o seu primogênito” não significa que houve outros filhos. Na Septuaginta, a palavra grega utilizada por Lucas corresponde a uma palavra hebraica que significa “aquele que abre o útero”. Esta noção de quem nasceu primeiro na Bíblia se refere não à ideia de outros filhos, mas, na verdade, a uma consagração especial do filho de Deus. Assim, Jesus será apresentado no Templo com o sacrifício prescrito por Moisés para o resgate dos primogênitos no mês no nascimento.
No entanto, algumas passagens parecem confirmar que Maria não teve mais do que um filho. É o que afirmaram, em sua maioria, os escrivães dos primeiros séculos. Atualmente, os exegetas de diversas igrejas concordam em uma interpretação mínima que não se opõe a que Jesus seja o filho único de Maria.
Se, no Novo Testamento, se fala de “irmão de Jesus”, nunca se diz, no entanto, que eles sejam os filhos de Maria ou que ela seja a sua mãe. E quando Jesus morre, não encarrega Maria a nenhum deles, como seria a obrigação, mas é João o discípulo a quem Jesus confia sua Mãe do alto da cruz.
Bem conhecidos pela Igreja primitiva, na qual seu parentesco com Jesus lhes daria autoridade, alguns desses “irmãos”, explicitamente nomeados nos Evangelhos, são paralelamente conhecidos por outras fontes históricas fiáveis como primos de Jesus somente.
Por outro lado, são poucos os que, entre os primeiros autores cristãos, negaram a virgindade perpétua de Maria (antes, durante e depois do nascimento de Jesus). A opinião de que Maria teria tido outros filhos só nos é conhecida por um opúsculo que São Jerônimo escreveu para refutar tal hipótese. No século IV, todos os Padres da Igreja, em sua maioria de cultura e língua gregas, defendem a virgindade perpétua de Maria. A Tradição – seja católica, ortodoxa e, inclusive, no início, reformada – adotou este ponto de vista.
Foi somente no final do século XIX que os exegetas protestantes questionaram este consenso, em nome do método histórico-crítico de interpretação das Escrituras. Atualmente, os especialistas da Bíblia não consideram que as palavras gregas “irmãos” (adelphos), “até” e “primogênito” sejam suficientes para demonstrar que Maria teria tido outros filhos além de Jesus. A interpretação sustentada pelos especialistas depende da autoridade que conferem à Tradição e às reflexões posteriores da sua própria Igreja.
Bem conhecidos pela Igreja primitiva, na qual seu parentesco com Jesus lhes daria autoridade, alguns desses “irmãos”, explicitamente nomeados nos Evangelhos, são paralelamente conhecidos por outras fontes históricas fiáveis como primos de Jesus somente.
Por outro lado, são poucos os que, entre os primeiros autores cristãos, negaram a virgindade perpétua de Maria (antes, durante e depois do nascimento de Jesus). A opinião de que Maria teria tido outros filhos só nos é conhecida por um opúsculo que São Jerônimo escreveu para refutar tal hipótese. No século IV, todos os Padres da Igreja, em sua maioria de cultura e língua gregas, defendem a virgindade perpétua de Maria. A Tradição – seja católica, ortodoxa e, inclusive, no início, reformada – adotou este ponto de vista.
Foi somente no final do século XIX que os exegetas protestantes questionaram este consenso, em nome do método histórico-crítico de interpretação das Escrituras. Atualmente, os especialistas da Bíblia não consideram que as palavras gregas “irmãos” (adelphos), “até” e “primogênito” sejam suficientes para demonstrar que Maria teria tido outros filhos além de Jesus. A interpretação sustentada pelos especialistas depende da autoridade que conferem à Tradição e às reflexões posteriores da sua própria Igreja.
Para a Igreja, afirmar que Jesus é o único filho de Maria e de José é defender a doutrina de “Maria sempre Virgem”.
http://www.aleteia.org/pt/questions/1417/jesus-teve-irmaos
http://www.aleteia.org/pt/questions/1417/jesus-teve-irmaos
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