Sexta-feira da 13ª
Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, pela vossa
graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas
trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do
Evangelho (Mt 9, 9-13)
Saindo daí, Jesus viu
um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse:
"Siga-me!" Ele se levantou, e seguiu a Jesus. Estando Jesus à mesa em casa de
Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com
Jesus e seus discípulos.
Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos
discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os
pecadores?"
Jesus ouviu a pergunta e respondeu: "As pessoas que têm saúde não
precisam de médico, mas só as que estão doentes.
Aprendam, pois, o que
significa: 'Eu quero a misericórdia e não o sacrifício'. Porque eu não vim para
chamar justos, e sim pecadores."
3) Reflexão
* O Sermão da
Montanha ocupou os capítulos 5 a 7 do evangelho de Mateus. A parte narrativa dos
capítulos 8 e 9, tem como finalidade mostrar como Jesus praticava o que acabava
de ensinar. No Sermão da Montanha, ele ensinou o acolhimento (Mt
5,23-25.38-42.43). Agora, ele mesmo o pratica acolhendo leprosos (Mt 8,1-4),
estrangeiros (Mt 8,5-13), mulheres (Mt 8,14-15), doentes (Mt 8,16-17),
endemoninhados (Mt 8,28-34), paralíticos (Mt 9,1-8), publicanos (Mt 9,9-13),
pessoas impuras (Mt 9,20-22), etc. Jesus rompe com as normas e costumes que
excluíam e dividiam as pessoas, isto é, o medo e a falta de fé (Mt 8,23-27) e as
leis da pureza (9,14-17), e não faz segredo das exigências para os que querem
segui-lo. Eles terão que ter a coragem de largar muita coisa (Mt 8,18-22).
Assim, nas atitudes e na prática de Jesus, aparece em que consistem o Reino e a
observância perfeita da Lei de Deus.
* Mateus 9,9: O
chamado para seguir Jesus. As primeiras pessoas chamadas para seguir Jesus eram
quatro pescadores, todos judeus (Mt 4,18-22). Agora, Jesus chama um publicano,
considerado pecador e tratado como impuro pelas comunidades mais observantes dos
fariseus. Nos outros evangelhos, este publicano se chama Levi. Aqui, o nome dele
é Mateus que significa dom de Deus ou dado por Deus. As comunidades, em vez de
excluir o publicano como impuro, devem considerá-lo como um Dom de Deus para a
comunidade, pois a presença dele faz com que a comunidade se torne sinal de
salvação para todos! Como os primeiros quatro chamados, assim o publicano Mateus
larga tudo que tem e segue Jesus. O seguimento de Jesus exige ruptura. Mateus
largou a coletoria, sua fonte de renda, e foi atrás de Jesus!
* Mateus 9,10: Jesus
senta à mesa junto com pecadores e publicanos. Naquele tempo, os judeus viviam
separados dos pagãos e dos pecadores e não comiam com eles na mesma mesa. Os
judeus cristãos deviam romper este isolamento e criar comunhão de mesa com os
pagãos e os impuros. Foi isto que Jesus ensinou no Sermão da Montanha como sendo
uma expressão do amor universal de Deus Pai. (Mt 5,44-48). A missão das
comunidades era oferecer um lugar aos que não tinham lugar. Mas esta nova lei
não era aceita por todos. Em algumas comunidades, as pessoas vindas do
paganismo, mesmo sendo cristãs, não eram aceitas na mesma mesa (cf. At 10,28;
11,3; Gal 2,12). O texto do evangelho de hoje mostra como Jesus comia com
publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa.
* Mateus 9,11: A
pergunta dos fariseus. Para os judeus era proibida a comunhão de mesa com
publicanos e pagãos, mas Jesus nem liga. Ele até faz uma confraternização com
eles. Os fariseus, vendo a atitude de Jesus, perguntam aos discípulos: "Por que
o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?" Esta
pergunta pode ser interpretada como expressão do desejo deles de quererem saber
por que Jesus agia assim. Outros interpretam a pergunta como crítica deles ao
comportamento de Jesus, pois durante mais de quinhentos anos, desde os tempos do
cativeiro na Babilônia até à época de Jesus, os judeus tinham observado as leis
da pureza. Esta observância secular tornou-se para eles um forte sinal
identidade. Ao mesmo tempo, era fator de sua separação no meio dos outros povos.
Assim, por causa das leis da pureza, não podiam nem conseguiam sentar na mesma
mesa para comer com pagãos. Comer com pagãos significava contaminar-se,
tornar-se impuro. Os preceitos da pureza legal eram rigorosamente observados,
tanto na Palestina como nas comunidades judaicas da Diáspora. Na época de Jesus,
havia mais de quinhentos preceitos para preservar a pureza. Nos anos setenta,
época em que Mateus escreve, este conflito era muito atual.
* Mateus 9,12-13: Eu
quero misericórdia e não sacrifício. Jesus ouviu a pergunta dos fariseus aos
discípulos e responde com dois esclarecimentos. O primeiro é tirado do bom
senso: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão
doentes”. O outro é tirado da Bíblia: “Aprendam, pois, o que significa: Eu quero
a misericórdia e não o sacrifício”. Por meio destes dois esclarecimentos Jesus
explicita e esclarece a sua missão junto ao povo: “Eu não vim para chamar os
justos, e sim os pecadores". Jesus nega a crítica dos fariseus, nem aceita os
argumentos deles, pois nasciam de uma idéia falsa da Lei de Deus. Ele mesmo
invoca a Bíblia: "Eu quero misericórdia e não sacrifício!" Para Jesus a
misericórdia é mais importante que a pureza legal. Ele apela para a tradição
profética para dizer que a misericórdia vale mais para Deus do que os todos
sacrifícios (Os 6,6; Is 1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se
comovem diante das faltas do seu povo (Os 11,8-9).
4) Para um confronto
pessoal
1. Hoje, na nossa
sociedade, quem é o marginalizado e o excluído? Por que? Na nossa comunidade
temos preconceitos? Quais? Qual o desafio que as palavras de Jesus colocam para
a nossa comunidade hoje?
2. Jesus manda o povo
ler e entender o Antigo Testamento que diz: "Quero misericórdia e não
sacrifício". O que Jesus quer com isto para nós hoje?
5) Oração final
Feliz o homem que
observa os seus preceitos, e de todo o coração procura a Deus! De todo o coração
eu vos procuro, não deixeis que eu abandone a vossa lei! (Sl 118, 2.10)
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